A “tirania” da produtividade

Créditos para: Canva

A- Olá como vai você?

B-   Estou bem e você?

A-   Estou bem. E o que você faz de “bom”?

A- … estou trabalhando, estudando, na academia, vivo ocupada e ativa o dia inteiro, meus dias são ótimos!! 

Você já se deparou com esta pergunta no seu dia-a-dia?

Você já foi a pessoa que perguntou uma pergunta como essa ou quem respondeu?

Pois é, costumamos viver uma vida “produtiva”, repleta de compromissos diários, de trabalho, de estudos, de passeios, de “eventos”, de atividades com que nós nos ocupamos “boa parte” do nosso tempo.

Não estou dizendo que é “errado” ou “correto” cumprir nossos compromissos diários, nem que você não possa ter uma rotina organizada, que te favoreça.

Estou somente “provocando” ou até mesmo te propondo a aproveitar este momento de leitura que você se propôs a ter ao ler este conteúdo e pensar um pouco sobre sua vida.

Te convido a pensar em como você está vivendo a sua vida e como está escolhendo gerir o seu tempo.

Em uma sociedade capitalista como a nossa, na qual vivemos em prol de “sobreviver” e adquirir “os bens de consumo” conforme nossas necessidades pessoais é comum a “cobrança” por produtividade estar em alta.

Precisamos “produzir” para atingir nossos objetivos ou também pode ser uma questão de sobrevivência, por exemplo, “contribuir para o aumento de produtividade e obter resultados satisfatórios para uma empresa e manter-se no emprego, ter um salário no final do mês e suprir suas necessidades básicas de consumo e “sobrevivência “, enfim há muitos questionamentos sobre a necessidade de se manter a “ produtividade”.

Mas a questão é, quando a “produtividade” se torna um “padrão comportamental” de viver.

Quando eu busco a produtividade a qualquer custo.

Quando em algum momento do meu dia-a-dia não estou “produzindo” algo e me sinto incapaz, inútil, sem importância para mim e para as outras pessoas do meu convívio social, quando estou viciado (a) em trabalhar e acredito que estar em um momento de lazer no dia de folga é perda de tempo, “perda de produtividade”, pois desejo produzir a todo o momento, a todo segundo e se me canso preciso fazer algo para recobrar as energias e voltar “ a alta performance” de produtividade inicial.

E assim, começamos a observar pessoas cada vez mais exaustas, que não se sentem bem consigo mesmas, com autocobrança, perfeccionistas, tensas, estressadas, ansiosas, angustiadas e “ estafadas” , sem conseguir “sentir” o benefício de viver uma vida com mais sentido, uma vida de qualidade.

Talvez, como no início do texto, nos culpamos no momento de responder uma simples pergunta, no início do dia: “Como vai você?”, pois além de sensação de impotência, de desagaste físico e emocional, podemos ter aprendido que sempre precisamos “ mostrar” o nosso melhor lado para as pessoas, sucesso, conquistas, resultados, produtividade.

Pelo fato de o “padrão produtivo” ser reforçado na sociedade e eu poder sentir medo de ser comparado e julgado pelas pessoas, se caso eu responda por exemplo (com base na pergunta hipotética do início do texto) que eu naquele dia não desejava estar produtivo(a), mas somente descansar  e “tomar” um sorvete na sorveteria da esquina de casa.

Ou ter receio em dizer (sob o mesmo exemplo anterior) que fui demitido (a) da empresa em que trabalhava, que tranquei a faculdade porque descobrira que aquele curso acadêmico não era o que gostaria de seguir, que tomei outras decisões a respeito e que preferiria rever minhas escolhas na vida e fazer uma viagem para outra cidade, para refrescar “as ideias”.

Talvez a “tirania da produtividade” esteja sendo ensinada, aplicada e vivida diariamente na sociedade a tanto tempo que acabamos por “consumir” este conhecimento e acabamos por ser “tiranos” de nós mesmos e dos outros.

Estar “produtivo” é importante quando esta produtividade é usada com moderação e cautela.

Este movimento acontece quando percebemos o quanto estamos nos distanciando dos nossos propósitos e valores de vida em prol de tentar “suprir” as expectativas do outro.

Quando observamos que estamos nos distanciando de viver uma vida com sentido e valorosa.

E assim, com esta auto-observação podemos decidir se continuaremos a ser “tiranos” de nós mesmos ou se desenvolveremos ações comprometidas com nossos valores e propósitos rumo a buscar viver uma vida com mais sentido e com menos “tirania da produtividade”.

Faz sentido para você o conteúdo deste texto?        

Um abraço afetuoso!

Psicóloga Andréia Rafael

CRP 06/130189

 

 

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